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O Silêncio que Fala

  • Foto do escritor: Robinson & Luiza
    Robinson & Luiza
  • 1 de set. de 2020
  • 1 min de leitura

Não saberia dizer quando foi que aconteceu,

E, pelo anacronismo inerente a si,

Não faria a menor diferença.


Mas, o fato é que, um dia, percebeu que percebia as coisas de maneira diferente,

E que, ao mesmo tempo, cada pessoa que conhecia,

Percebia o mundo a seu modo,

Interagia com a vida de um jeito próprio.


Também entendeu que, no mundo humano, havia acordos, palavras que designavam nomes comuns às coisas comuns, (ainda que cada coisa fosse uma coisa para cada quem) e que, essas palavras, serviam para que a comunicação e a interação fossem possíveis.


Achou curioso.


Em seu íntimo, travava diálogos, discursos e debates, discorria sobre ideias, levantava e desmontava teorias acerca desse estranho mecanismo de relação entre seus semelhantes.


Percebeu que podia ser uma ferramenta tanto precisa, quanto desastrosa em seus efeitos. Isso porque o conteúdo de sentidos de uma palavra não era unicamente preenchido pelos conceitos dos dicionários, mas carregado das experiências subjetivas de cada um em relação a elas - o que tornava a comunicação algo complexo, de entendimento (no mínimo) dúbio.


Foi quando deu-se conta de que, entre o dito e o não-dito, havia um espaço.

E, nesse espaço, um abismo de silêncio por trás dos sons.

E, no silêncio, um mar de significados profundos.


Somente escutando o não-dito, pôde compreender as palavras.



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